Qualidade de vida e alimentação
O ato de comer é considerado por muitos profissionais de saúde apenas como uma forma de se manter nutrido, de se manter vivo. Contudo, esta é uma visão simplista e ultrapassada.
O papel social e psicológico da alimentação, bem como a história de vida do paciente devem ser considerados sempre que o indivíduo apresenta dificuldades de deglutição e indicamos o uso de sondas de alimentação ou realizamos mudanças bruscas na consistência de sua dieta. Desde o início de nossa vida, construímos uma visão da importância dos alimentos e gradativamente desenvolvemos preferências por comidas e bebidas que nos foram apresentadas por nossos pais ou descobertas ao longo de nossa convivência com amigos.
Escolhemos o que nos é mais agradável ao paladar, mais saudável ou mais econômico. Alimentos com conotação religiosa ou que nos integra ao um grupo social também são escolhidos. Muitas vezes, realizei consultas a idosos que se alimentavam normalmente, mas já não conseguiam ingerir consistências sólidas e isto não possibilitava que eles participassem do convívio familiar em datas comemorativas.
Desta forma, além da manutenção da nutrição e saúde, dois elementos principais caminham juntos com o ato de comer: o prazer alimentar e a integração social. Desconsiderar estes aspectos quando modificamos a alimentação do idoso ou impedimos que ele coma como sempre fez, é desconsiderar que esta mudança interfere em sua saúde psicológica e em sua socialização.
Depressão, angústia, ansiedade e isolamento são muito comuns nestes casos, por isso a globalidade que permeia a alimentação deve ser valorizada por familiares e profissionais.